Escola é acusada de negligenciar atendimento a menino de 10 anos, em Pescaria Brava

Um aluno da 5º ano, caiu no pátio de uma Escola de Educação Basica antes das 8h, na terça-feira (2), em Pescaria Brava. A técnica de enfermagem Rita Regina Patrício Américo, mãe do garoto, só foi acionada para tomar conhecimento do incidente após às 11h. A informação foi repassada à redação do Sul SC pela própria mãe da criança.

O portão da escola está sempre aberto para a entrada dos alunos a partir das 7h30. Dessa forma, o aluno passava pela quadra, local em que outros estudantes jogavam e onde ocorreu o incidente. De acordo com a criança, uma bola veio em sua direção e na sequência outro aluno teria esbarrado com ele, e assim, a criança se desequilibrou e caiu. Para não cair com o rosto no chão, colocou o braço na frente.

“Em seguida já precisou de ajuda para levantar. Alguém chamou e a diretora que foi atendê-lo. Ela chamou o menino, disse para levantar que não era nada, que só estaria dolorido por ter caído. Acalmou-o e mandou seguir para sala de aula”, detalhou a mãe.

Após o ocorrido e até as 11h, a técnica de enfermagem disse que o filho contou ter ido por três vezes na secretária. “Ele teria conversado com a secretária e dito estar com muita dor no braço. Porém, mesmo assim, ela não entrou em contato comigo, só às 11h10”, afirmou.

Na sequência, o filho mais velho de Rita ficou sabendo quando o mais novo chegou em casa e mandou várias mensagens para a mãe, inclusive tentou ligar, no entanto, como ela estava sem o celular não atendeu naquele momento.

“Por volta das 15h15, quando fui tomar meu café que vi as mensagens. Fiz uma chamada de vídeo e identifiquei que ele realmente estava machucado. Retornei para casa, vi que estava muito inchado e levei ele para o pronto atendimento, em Capivari de Baixo. Esperamos até as 19h, horário que o radiologista chegou para fazer o raio-x”, contou.

La mesmo foi constatado que ele estava com uma lesão no braço. “Fomos transferidos para o Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão, onde passamos a noite aguardando para passar pelo cirurgião pediátrico. Ele foi atendido na manhã do dia seguinte às 7h20”, explica.

Protocolo de atendimento

Após prestar os primeiros atendimentos ao filho, Rita procurou a escola para buscar esclarecimentos quanto ao procedimento da instituição. Para ela e por ter conhecimento de primeiros socorros, o protocolo inicial deveria ter sido acionar imediatamente os pais, responsáveis ou ter levado o aluno ao postinho de saúde para verificar se estava tudo certo ele.

Segundo a mãe do garoto, ela esteve em contato com a secretaria, na quarta-feira (3). Questionou sobre o procedimento que deveria ter sido adotado e a secretária teria argumentado que acreditaram não ser nada, porque ele caiu, bateu o braço, que teria ficado dolorido, mas que o menino estava bem e até brincou no intervalo. Por conta disso, acharam que não havia necessidade de avisar, porém quando o pequeno foi novamente às 11h, na direção, entraram em contato.

“Questionei também sobre o protocolo de primeiro atendimento com qualquer aluno dentro da escola. E por que não levaram no postinho de saúde? Falaram de forma bem declarada que o postinho de saúde não está mais atendendo crianças da escola. Perguntei se ela tinha certeza do que estava falando, porque sairia da escola e iria no postinho confirmar essa versão e ela disse que sim”, relembrou a mãe.

Rita conta que o protocolo é se o estudante tiver uma queda, eles podem levá-lo a um postinho de saúde e se houver necessidade o médico encaminha para o hospital. “O próprio posto de saúde aciona uma ambulância para levar para o hospital, a escola comunica a família que o aluno é encaminhado para o hospital”, relata.

“Conversei com o pessoal do Corpo de Bombeiros e a informação, inclusive é de que há um documento com as normatizações e diretrizes de como a escola deve proceder’, completou

 

No postinho

Ao sair da instituição de ensino, a técnica de enfermagem seguiu para o postinho conforme havia prometido. Lá ela contou o ocorrido e às funcionárias e questionou sobre a informação repassada na escola.

“Disseram que isso não existe. Por mais que já soubesse, inclusive porque sou da área da saúde, técnica de enfermagem e fiz curso de bombeiro, sei que nenhum posto de saúde poderia negar atendimento a qualquer pessoa, sendo da escola ou não”, desabafa.

Rita emendou contando que disseram que jamais poderia ser esse o procedimento. “Elas ficaram indignadas, porque esse não é o procedimento. Até porque falaram que muitas das vezes pedem que vá alguém na escola. Se é um braço machucado, uma perna, elas fazem uma imobilização e dizem que tem que avisar os pais. Se for um machucado elas limpam e avisam que a escola tem que comunicar os pais”, detalhou.

 

Consequências

Por não ter tido o atendimento logo pela manhã, a mãe do menino contou que por meio de conversa informal com o médico foi informada de que se o atendimento tivesse ocorrido na sequência do incidente, ele poderia ter passado por uma cirurgia no mesmo dia do incidente. “Mas como demorou muito a região ficou muito inchada e inviabilizou o procedimento”, comenta.

A informação da mãe é de que o pequeno quebrou o braço em três lugares, na região do cotovelo. “Se tivesse levado ele pela manhã a hora que ele caiu teria feito a cirurgia no braço. Isso foi o que o cirurgião falou, porque não estaria inchado e encaixava na hora. Mas como o meu filho foi atendido em um pronto atendimento e depois encaminhado para outro, até ter acesso ao cirurgião se passou mais de 24h, aí não tinha mais como”, lamentou.

Próximos passos

Depois de todo o ocorrido, a técnica de enfermagem contou que já fez um boletim de ocorrência. “Ele passará por um exame de corpo delito e vou procurar um advogado porque o que fizeram com meu filho não quero que façam com o de nenhum outro. Foi omissão de socorro”, desabafa.

Ela afirma que a sua indignação foi de a escola não ter encaminhado para o postinho e da resposta da secretária em afirmar que eles não atendem mais as crianças da escola no postinho. “Então, estou com as gravações, tenho mensagens, agora vou em frente para que isso não ocorra mais, inclusive que tenham mais cuidado com os filhos dos outros”, reforça.

 

Pronunciamento da escola

Procurados pela redação do Sul SC, a secretária da instituição de ensino informou o contato da diretora da escola e a secretária do município. A diretora da instituição não retornou, já a secretária de Educação e Esportes de Pescaria Brava, Ana Clara Martins, enviou um comunicado. Abaixo o texto na íntegra:

“Esclarecemos a todos os interessados que as medidas necessárias para o socorro do estudante foram devidamente promovidas na ocasião.
Informamos, ainda, que a unidade escolar e seus servidores, juntamente com a Secretaria Municipal de Educação e Esportes, permanecem à disposição da família e de todos os envolvidos para esclarecer quaisquer dúvidas.
Nosso compromisso será sempre garantir os direitos de todos os indivíduos que compõem o ambiente escolar”.

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