Enquanto a cidade de Laguna, no Litoral Sul de Santa Catarina, patina no caos institucional, seus vereadores protagonizam uma novela vergonhosa que já se arrasta há mais de dois meses. Sem um presidente definitivo na Câmara, o município assiste impotente a uma batalha judicial que nada mais é do que uma exibição grotesca de interesses pessoais travestidos de discussões sobre legalidade. E enquanto a briga pelo comando se estende, a cidade segue órfã de uma gestão legislativa eficaz.
O enredo desse circo começou no dia 1º de janeiro, quando os novos vereadores tomaram posse, mas decidiram ignorar o que está previsto no Regimento Interno e o que se pratica em qualquer município minimamente organizado: eleger uma mesa diretora. A desculpa? Uma lei aprovada no ano passado que alterava as regras para a eleição da presidência da Câmara foi considerada inconstitucional por parte dos parlamentares. Mas, ao invés de resolver o impasse com responsabilidade, os vereadores optaram por um espetáculo de desorganização.
Foto/ Ilustrativa
O atual presidente interino, Cleosmar Fernandes (MDB), assumiu o posto apenas por ser o mais velho entre os eleitos. Ele alega que não conduziu a eleição da mesa porque as regras novas seriam inconstitucionais. O resultado? Um grupo de sete vereadores, insatisfeito com a situação, tentou uma eleição paralela que, evidentemente, foi barrada pela Justiça. O que deveria ser um processo democrático virou um teatro absurdo, onde o jogo político e as manobras rasteiras atropelam qualquer noção de respeito pelo município.
A prefeitura, por sua vez, recorreu à Justiça para contestar a mudança na legislação que previa mandatos escalonados para quatro anos. O argumento é claro: a alteração viola princípios como alternância de poder e temporalidade dos mandatos. Mas será que essa preocupação com a democracia vem da necessidade de preservar o equilíbrio institucional ou da ânsia em manter o controle sobre o Legislativo? No meio desse cabo de guerra, quem sofre é a população, que vê a cidade refém da inoperância de seus próprios representantes.
Agora, a decisão está nas mãos do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), que adiou o julgamento após um pedido de vista. Até lá, a Câmara de Laguna segue sem comando, os vereadores seguem brigando por poder e a cidade segue afundando na desordem. A grande questão é: até quando os eleitores vão tolerar esse show de irresponsabilidade? Laguna não pode continuar refém da incompetência e da politicagem barata de seus representantes.