O X (antigo Twitter) ganhou um grande rival em 2023: o Threads, criado pela Meta e vinculado ao Instagram. A nova rede social de Mark Zuckerberg foi lançada em junho e teve uma recepção muito positiva da comunidade, antes de perder força nos meses seguintes.
A chegada do app, combinada com os momentos conturbados vividos pelo Twitter após a aquisição de Elon Musk (como a mudança de nome para X), fez com que o Threads fosse considerado a grande alternativa para acabar com o domínio da rede rival nos microblogs. Mas será que o aplicativo correspondeu na prática?
O lançamento do Threads
Primeiramente, é necessário entender um pouco sobre o contexto em que o Threads foi lançado. O Twitter, ainda com o nome antigo, era alvo de muitas críticas por mudar o sistema de verificação de contas, permitir uma avalanche de fakes e passar por várias quedas de servidor. Para piorar, a rede decidiu estabelecer um limite diário de leitura de tuítes no final de junho, o que impediu que vários usuários conseguissem ver publicações por lá.
A repercussão negativa foi benéfica para outros concorrentes: Bluesky e Mastodon registraram recordes de tráfego e de registros com a migração de usuários da rede de Musk. Já existiam rumores sobre a criação de uma rede de microblogging da Meta, e a empresa decidiu lançar o Threads para Android e iOS na semana seguinte ao episódio envolvendo os limites de visualização do rival.
O timing foi ótimo: com o Twitter em baixa, o Threads chegou em alta. Era necessário apenas usar o login do Instagram para criar uma conta por lá e a nova rede da Meta chegou rapidamente à marca de 100 milhões de contas cadastradas.
Por outro lado, o aplicativo parecia “incompleto”: não havia um feed cronológico só com as contas que você seguia, era necessário deletar o Instagram para apagar o perfil de lá e muitos recursos básicos do Twitter ainda não estavam disponíveis, como a opção de usar hashtags e enviar mensagens diretas.
Threads ou X: recursos disponíveis
Como foi mencionado anteriormente, o Threads demorou alguns meses para adicionar recursos comuns do Twitter e deve ampliar as funções nos próximos meses. A versão web da rede, por exemplo, surgiu mais de um mês após o lançamento, enquanto a opção de apagar a conta sem afetar o perfil do Instagram foi liberada apenas em novembro de 2023.
O Threads no final de 2023 já é muito melhor do que a versão original, apresentada no meio do ano, mas ainda fica atrás do X, que intensificou a chegada de novas ferramentas na rede, alinhado com a proposta de Elon Musk em transformá-lo num “app de tudo”. A plataforma já possui uma opção para encontrar vagas de emprego, fazer transmissões ao vivo e prepara a chegada de chamadas de áudio e vídeo por lá.
Ambas as plataformas desempenham funções simples de um microblog, como a criação de enquetes, publicações em sequência e suporte a fotos e vídeos. O X é o único que permite agendar publicações, mas o Threads leva vantagem com relação ao limite de caracteres na versão gratuita — cada post pode chegar a 500 caracteres, contra 280 do rival. Uma assinatura do X Premium, porém, permite textos com até 25 mil caracteres, mas o serviço custa a partir de R$ 15,75.
Também vale destacar as diferenças nas formas de login: o Threads exige que a pessoa tenha uma conta do Instagram para criar um perfil no app, o que pode ser um fator limitador para quem não usa a rede de fotos e vídeos. O X permite registros por qualquer endereço de e-mail, além da possibilidade de login direto com as contas de Google e Apple.
Quem tem mais usuários?
Aqui, mais um ponto positivo para o X, até pelo tempo de casa. Em entrevista em 2023, Elon Musk revelou que a rede tinha mais de 500 milhões de contas ativas por mês, sem explicar se os bots fazem parte da soma. Dados da era pré-Musk revelavam que a rede tinha cerca de 229 milhões de “usuários diários ativos monetizáveis”, ou seja, contas que poderiam ser impactadas por anúncios, no primeiro trimestre de 2022.
O Threads teve um começo meteórico nas primeiras semanas de rede social, com 100 milhões de contas cadastradas em cinco dias, mas perdeu engajamento nos meses seguintes e a falta de recursos no app pode ter sido um dos motivos.
O objetivo de Mark Zuckerberg é chegar à marca de 1 bilhão de pessoas usando o Threads, mas isso não deve acontecer tão cedo. De acordo com o próprio CEO da Meta, a rede tinha pouco menos de 100 milhões de usuários ativos por mês no final do terceiro trimestre de 2023.
Threads ou X: compatibilidade
Ambas as plataformas são parecidas nesse aspecto, com versões para Android, iOS e navegadores. Vale reforçar que a versão Web do Threads é mais nova do que os apps e pode demorar um pouco mais para receber as novidades da rede.
O X limitou o acesso à API para a criação de clientes alternativos, mas ainda disponibiliza o X Pro (antigo TweetDeck) para assinantes da versão Premium — ou seja, há um extra disponível aqui a favor do plano pago.
Threads ou X: preço
Assim como as outras redes da Meta, o Threads é completamente gratuito: não há nenhum plano de assinatura ou limitação de recursos para criar uma conta, publicar e interagir na plataforma. A única opção que envolve o dinheiro é o Meta Verified: caso você assine o serviço no Instagram a R$ 55 por mês, também aplica o selo de verificação à rede de textos, mas sem outros benefícios adicionais.
O X também é gratuito, mas deixa muitos recursos restritos à versão Premium, como os já mencionados textos mais longos, suporte a download de vídeos e outras funções. O plano Premium+, que garante acesso completo às ferramentas, é oferecido a partir de R$ 84 por mês.
Qual é melhor?
A discussão é acirrada. Por um lado, o Threads é uma válvula de escape para vários problemas atuais do X, como o excesso de bots e a limitação de contas para verificados. Por outro, o antigo Twitter ainda é o lugar em que muitas tendências, notícias e novidades aparecem primeiro, e é mais movimentado que o rival.
Esse apelo do X para assuntos quentes é, inclusive, um dos principais motivos para reter tantos usuários mesmo com as polêmicas da administração de Elon Musk (ele não é mais o CEO, mas toma decisões importantes na empresa). É importante lembrar que o próprio chefe do Instagram, Adam Mosseri, quer que a rede da Meta não seja um espaço para política e notícias e no lugar disso crie uma grande comunidade de discussão.
Diante disso, é possível elencar alguns pontos favoráveis a cada rede social:
A favor do Threads
- Não tem recursos exclusivos para assinantes além do selo de verificação;
- Mostra publicações nos feeds de Instagram e Facebook;
- Maior limite de caracteres.
A favor do X
- Rede mais movimentada;
- Permite criar uma conta sem ter um Instagram;
- Possui mais recursos.
De forma geral, o X ainda é uma rede mais consolidada e com mais funções para o usuário. O Threads é promissor, inclusive com a promessa de integração ao fediverso e uma internet mais descentralizada, mas ainda precisa percorrer um longo caminho para igualar-se ao rival.
Porém, o antigo Twitter ainda leva vantagem na disputa: apesar de todos os problemas com bots e das mudanças repentinas de Musk, a rede ainda tem um impacto muito grande para comentários de situações ao vivo e início de tendências na web. O rival da Meta parece ter muito futuro pela frente, mas por enquanto ainda não passa de uma ramificação do Instagram, sem força própria para tirar o X do trono dos microblogs.
Fonte: Canaltech