As emissões provenientes da construção civil têm sido uma grande preocupação a nível mundial. No Reino Unido, uma solução tem grande potencial em resolver não só a questão das emissões, como também contribuir com outro passivo ambiental, que são os resíduos de cana-de-açucar. Denominado Sugarcrete, foi produzido um bioconcreto, que possui como recurso principal o bagaço da cana.
De acordo com o Professor Sênior de Arquitetura pela University of East London e pesquisador que desenvolveu o Sugarcrete, Mr. Armor Gutierrez Rivas, o projeto começou como parte do programa de mestrado da UEL, onde os alunos foram desafiados a pensar de diferentes formas para desenvolver um ambiente com materiais não tradicionais, que possam ser usados na construção.
Vale ressaltar que o projeto do concreto foi desenvolvido por meio de uma colaboração entre o programa UEL March Architecture e o Sustainability Research Institute (SRI) por Armor Gutierrez Rivas, professor sênior de arquitetura, Alan Chandler, co-diretor do SRI e Bamdad Ayati, pesquisador do SRI, com o apoio de John Kerr, vice-presidente de pesquisa e tecnologia da Tate & Lyle Sugars.
De acordo com os resultados, além de contribuir com a redução dos resíduos de cana, o Sugracrete tem potencial para reduzir as emissões de carbono. “Acreditamos que o material está pronto para ser comercializado e já estamos ansiosos para implementá-lo no mercado. Nós temos vários projetos ativos acontecendo neste momento em diferentes países que trabalham com a plantação da cana-de-açucar”, explica.
Questionado se existe expectativa ou alguma conversa para desenvolver parcerias com empresas do Brasil, já que o país gera em grande escala o principal resíduo componente do Sugarcrete, Mr.Armor afirmou que sim. Não só existe esse interesse em produzir o concreto de cana aqui, como algumas conversas já estão em andamento. Ele acredita que o Brasil tem potencial de liderar globalmente a sustentabilidade e afirma que pode aprender muito com as instituições do país.
Sobre as vantagens do concreto de cana quando comparado com o tradicional, Mr. Armor afirma que a pegada de carbono é a primeira vantagem. A segunda vantagem é que, o bioconcreto possui excelente porosidade e entrada de ar, proporcionando propriedades térmicas altamente eficientes. Diferente do concreto convencional, que requer isolamento adicional para manter o calor em ambientes frios, o concreto açucareiro oferece um valor térmico superior.
“Paredes de aproximadamente 200 a 250 milímetros possibilitam alcançar uma condutividade térmica adequada para edifícios de vários andares, eliminando a necessidade de camadas extras de isolamento. Isso simplifica significativamente o processo de construção”, conclui o pesquisador.
Fonte: Portal Sustentabilidade