O descongelamento da Guerra Fria

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) está realizando o maior exercício militar em mais de três décadas, uma operação envolvendo pelo menos 90 mil soldados. Segundo a agência de notícias France-Presse, trata-se da maior simulação bélica da aliança ocidental desde pouco antes do colapso da União Soviética. Isso ocorre simultaneamente à revisão das estratégias de defesa da Otan após a invasão russa da Ucrânia.

Batizado de “Steadfast Defender” (“Defensor Firme”), o exercício da aliança atlântica está previsto até maio e envolve 31 países da Otan, além da Suécia, que oficializou o desejo de adesão ao bloco. “Será uma demonstração clara de nossa unidade, força e determinação em proteger uns aos outros”, declarou o general norte-americano Christopher Cavoli, chefe do Comando da Otan para a Europa. No total, essas manobras militares envolvem cerca de 50 navios, 80 aeronaves e mais de 1,1 mil veículos de combate.

Os exercícios consistem em uma série de manobras menores realizadas desde a América do Norte até o flanco oriental da Otan, próximo à fronteira com a Rússia. O almirante holandês Rob Bauer, chefe do Comitê Militar, afirmou que os países da aliança devem estar preparados para enfrentar adversários como a Rússia ou grupos terroristas. “Não estamos buscando conflito, mas, se nos atacam, temos que estar prontos”, advertiu. Os países da Otan precisam “ter planos, e por isso estamos nos preparando para um conflito”, disse Bauer, destacando que se trata de um número “recorde de tropas”.

Bauer observou que as tropas terrestres russas foram afetadas pela guerra na Ucrânia, mas a Marinha e a Força Aérea ainda representam forças “consideráveis”. Ele também afirmou que os esforços da Rússia para reconstruir sua capacidade bélica foram dificultados pelas sanções ocidentais, mas Moscou ainda mantém a habilidade de aumentar a produção de artilharia e mísseis. Sobre o conflito na Ucrânia, iniciado em fevereiro de 2022, Bauer indicou que ainda há intensos combates, mas a linha de frente “não se move muito em um sentido ou outro”.

O ministro, em declaração à agência de notícias estatal RIA, afirmou que um exercício dessa escala marca o regresso final e irrevogável da Otan às estratégias da Guerra Fria, quando o processo de planejamento militar, recursos e infraestruturas estavam sendo preparados para o confronto com a Rússia.

Moscou e seu principal diplomata, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, frequentemente acusam o Ocidente de conduzir uma “guerra híbrida” contra a Rússia, apoiando a Ucrânia por meio de ajuda financeira e militar. Quando invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, a Rússia alegou estar se defendendo diante de uma ameaça da Otan, que travava conversas com o governo ucraniano para uma possível entrada do país no bloco. As negociações foram interrompidas desde então, mas, após a guerra estourar, a Finlândia, vizinha da Rússia e com quem compartilha uma fronteira de mais de 1.300 quilômetros de extensão, decidiu ingressar na Otan. A convocação recorde da Otan ocorre também no momento em que a Rússia intensificou ataques aéreos a grandes cidades na Ucrânia, em uma tentativa de mostrar força após meses sem conseguir avançar nas linhas de frente de batalha. Atualmente, soldados russos controlam cerca de 20% do território ucraniano, em áreas no leste e no sul do país.

Eleições pelo mundo:
Parece que esse cenário bélico mundial tem um nome: Eleições. O ano de 2024 será repleto de eleições para governos em todo o mundo, com mais de dois bilhões de eleitores em 50 países indo às urnas, de acordo com o Center for American Progress. Com um número recorde de pleitos, é provável que essas eleições definam o futuro do planeta e da humanidade nos próximos anos.

As eleições presidenciais em Taiwan podem abrir uma fase de novas tensões com a China. E as eleições russas serão uma formalidade, com Vladimir Putin tentando manter o poder até 2030, apesar das crescentes perdas militares na Ucrânia. Do outro lado da trincheira, Volodymyr Zelensky também poderá medir sua própria popularidade e a eficácia de sua estratégia militar nas urnas. Donald Trump busca a vitória nos Estados Unidos, que terão uma série de eleições em 2024, incluindo várias primárias ao longo do ano para definir os candidatos dos principais partidos, Republicano e Democrata, para as eleições presidenciais de novembro. Também haverá eleições no México, El Salvador, Venezuela, e no Parlamento Europeu, além do sufrágio na Índia, considerada a maior democracia do mundo demograficamente falando.

Receba outras notícias pelo WhatsApp. Clique aqui e entre no grupo do Sul SC.

RECOMENDADAS PARA VOCÊ​

Scroll to Top