Enquanto Laguna brilha com a energia pré-Carnaval em seu Centro Histórico, com uma multidão de turistas e moradores locais enchendo os restaurantes e bares, há uma sombra crescente que paira sobre a cidade: o descaso do poder público em diversos setores vitais. O espetáculo, infelizmente, é manchado pelo desleixo evidente, que vai muito além do lixo espalhado pelas ruas.
O que deveria ser uma celebração vibrante é, na verdade, um lembrete doloroso da falha da administração municipal em garantir o mínimo de infraestrutura para seus cidadãos e visitantes. Os problemas se estendem por uma série de áreas cruciais, incluindo transporte público, merenda escolar, saúde pública, educação e assistência aos idosos.
O transporte público em Laguna é um dos principais pontos de preocupação. Os cidadãos enfrentam rotineiramente atrasos, veículos ultrapassados e uma rede insuficiente de rotas, o que dificulta o acesso a serviços essenciais e oportunidades de emprego, além da inconsistência sobre se o serviço continuará ou não, devido aos frequentes atrasos no pagamento por parte da prefeitura à empresa Lagunatur. Esta situação não apenas impacta a mobilidade, mas também afeta diretamente a economia local e a qualidade de vida dos residentes.
A questão da merenda escolar é igualmente alarmante. Em muitas escolas, os estudantes são confrontados com refeições inadequadas em termos de quantidade e qualidade, o que compromete não apenas sua nutrição, mas também seu desempenho acadêmico e bem-estar geral. Este fato foi muito comum em 2023 e foi pauta de reportagens especiais do Sul, assim como é objeto de investigação por órgãos fiscalizatórios do Estado e da União. Esta é uma falha grave do sistema educacional que clama por uma ação imediata por parte das autoridades competentes.
A crise na saúde pública é outro fator preocupante. Os hospitais e postos de Laguna sofrem com a falta de recursos, pessoal insuficiente e longas filas de espera por atendimento médico. Algumas unidades estão inclusive sem água nas torneiras e apresentam umidade e mofo em alguns banheiros, além do mato alto e dos acessos esburacados que os cidadãos precisam enfrentar para buscar os serviços pelos quais pagam impostos e não recebem o retorno devido. Os residentes muitas vezes enfrentam dificuldades para acessar cuidados básicos de saúde, o que pode levar a consequências graves e afetar diretamente seu bem-estar individual.
Além disso, as escolas da região enfrentam problemas estruturais, incluindo falta de manutenção, falta de recursos educacionais adequados e uma série de outros problemas. Isso compromete seriamente a qualidade da educação oferecida às crianças e adolescentes de Laguna, prejudicando suas perspectivas futuras.
A falta de pagamento a fornecedores e ao asilo dos idosos é mais uma prova do descaso do poder público em relação aos mais vulneráveis da comunidade. As instituições que prestam serviços essenciais estão lutando para sobreviver devido à carência de apoio financeiro, colocando em risco o bem-estar dos idosos e a qualidade dos serviços prestados.
O problema do lixo espalhado pela cidade, muito evidenciado neste sábado (27) e domingo (28), e a falta de recolhimento nos fins de semana servem como um símbolo visível do fracasso do governo local em garantir um ambiente limpo e seguro para seus cidadãos. Como contra fatos não há argumentos, já que tudo o que foi explicitado aqui, o Sul SC e este jornalista têm documentos comprobatórios levantados nos últimos seis meses (fotos, vídeos, ofícios, memorandos, entrevistas gravadas, cópia de CPI e de processos jurídicos, etc.), resta a Laguna, para este fim de gestão, apenas esperar uma próxima e torcer para que os novos mandatários hajam, como um político famoso do Brasil costuma dizer: “Dentro das quatro linhas da constituição e com atitudes morais e éticas”.
Enquanto a população e os turistas se deleitam com as festividades nesta época do ano, é importante lembrar que há questões urgentes que exigem atenção imediata e ação por parte das autoridades municipais. E os únicos que podem e devem seguir as cobranças, como já o fazem, são os cidadãos, que parecem ser a autoridade mais confiável hoje no terceiro município mais populoso da Amurel, o mais antigo da região e também o que mais recebe turistas em todo o Sul catarinense, com uma média de cerca de meio milhão por ano.
“Em meio a essa crise de governança, os cidadãos de Laguna estão clamando por mudanças. A promessa de candidatos políticos emergindo com discursos de ‘política do bem’ ou ‘política camaleão’ oferece alguma esperança de uma nova direção, mas há um ceticismo crescente em relação à capacidade desses líderes em realmente fazer a diferença”, alerta um empresário lagunense.
Enquanto isso, a população de Laguna continua a lutar, não apenas para celebrar seu patrimônio cultural e histórico, mas também para garantir condições básicas de vida digna. O desafio é grande, mas a determinação e a resiliência dos cidadãos sugerem que há esperança para um futuro melhor, desde que haja uma resposta eficaz por parte das autoridades e um compromisso renovado com o bem-estar da comunidade.