Após uma série de confusões, gafes e lapsos de memória, o presidente americano, Joe Biden, que irá se candidatar a um segundo mandato em novembro, aos 81 anos, convocou uma coletiva de imprensa na Casa Branca na noite de quinta-feira (8), para refutar as acusações sobre a deterioração das suas faculdades mentais. Ele apenas piorou a situação, referindo-se ao presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi como “o presidente do México”.
A carreira de Joe Biden daria um anedotário de gafes. Em 2008, durante uma reunião, quando era vice na chapa de Barack Obama, Biden pediu ao senador Chuck Graham que se levantasse, mesmo estando numa cadeira de rodas. No ano anterior, ele tinha descrito o futuro presidente como “o primeiro afro-americano tradicional (…) eloquente, brilhante, limpo e bonito”.
Em 2010, ele lamentou a morte da mãe do primeiro-ministro irlandês enquanto ela ainda estava viva. As gafes do homem que se autodenominava “máquina de erros” faziam sorrir, mas desde o início do seu mandato, as suas declarações por vezes bizarras passaram a preocupar, levantando questões acerca do seu estado de saúde mental.
No primeiro dia das eleições americanas de 2020, o candidato democrata fez um discurso aos seus apoiadores na Filadélfia. Na ocasião, Joe Biden apresentou à multidão o seu filho Beau, “a quem muitos de vocês ajudaram a eleger para o Senado de Delaware”. Problema: o filho mais velho do futuro presidente morreu em 2015.
No início da guerra entre Rússia e Ucrânia, em seu discurso anual sobre o Estado da União, em 1 de Março de 2022, Biden confundiu o povo ucraniano e o povo iraniano. “Putin pode cercar Kiev com tanques, mas nunca conquistará os corações e as almas do povo iraniano”, afirmou. Atrás dele, sua vice-presidente Kamala Harris sussurra “ucraniano” para ele.
Durante um discurso sobre o aborto, proferido em julho de 2022 na Casa Branca, Joe Biden foi aplicado demais ao ler o texto do seu teleprompter. A certa altura deste discurso imortalizado pelas câmaras, ouve-se o presidente americano pronunciar em voz alta a instrução “repita a frase” antes de continuar repetindo, de fato, uma citação proferida alguns segundos antes.
Durante uma viagem à Arábia Saudita em 16 de julho de 2022, Joe Biden trocou duas palavras que são antípodas: egoísmo e altruísmo. O presidente norte-americano honrou “a bravura e o egoísmo dos americanos que serviram na região”. A palavra certa a ser usada era “altruísmo”. Esse equívoco deixou o público ligeiramente constrangido.
Durante um discurso dedicado à luta contra a obesidade e a insegurança alimentar, Joe Biden falou com um parlamentar republicano que morreu. “Quero agradecer a todos os que aqui estão”, declarou Joe Biden, mencionando dois parlamentares particularmente envolvidos nestes assuntos. E acrescentou: “Onde está Jackie?” Ele então pareceu procurar na sala o ex-membro da Câmara dos Deputados, Jackie Walorski, uma autoridade republicana que morreu no início de agosto em um acidente de carro, que estava muito envolvido na luta contra a desnutrição.
Em viagem para o Vietnã, no dia 12 de setembro de 2023, Joe Biden perdeu-se, durante uma coletiva de imprensa, em uma sequência desastrosa de frases sem nexo: “É noite, não é?” ele perguntou no início de seu discurso, antes de mencionar o aquecimento global, lançando uma comparação com um filme de John Wayne: “Há um filme sobre John Wayne. Ele é um batedor indiano. E eles estão tentando trazer de volta os… acho que foram os Apaches… Uma das grandes tribos da América na reserva (…) E o batedor índio… O índio olha para John Wayne, aponta para o soldado da União e diz: ‘Ele é um soldado pônei mentiroso com cara de cachorro’”, disparou lunaticamente Joe Biden, acrescentando: “Bem, há muitos soldados pôneis mentirosos com cara de cachorro sobre o aquecimento global”.
A referência não é clara, mesmo para o cinéfilo mais informado. Em The Heroic Charge, do diretor americano John Ford, uma narração menciona “soldados com cabeça de cachorro”, mas não há menção a “mentiroso” ou “pônei”.
Durante esta mesma conferência de imprensa, o presidente americano descreveu o Vietnã como um país do “terceiro mundo”. O comentário exigiu a intervenção da porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, que cortou o microfone de Joe Biden. Perturbado diante das tantas perguntas, quase perdido, o presidente saiu de sua mesa disparando esta frase: “Não sei o que é para você, mas vou dormir…”
Em novembro de 2023, durante um evento de Ação de Graças na Base Naval de Norfolk, na Virgínia, Joe Biden errou a idade de uma menina, causando mal-estar geral no público. No final do seu discurso, o presidente dos EUA falou com uma menina que parecia usar orelhas de gato amarradas como bandana. “Gosto das suas orelhas, gosto delas, são muito legais. Qual é o seu nome?”, perguntou ele. A menina, hesitante, baixa os olhos timidamente ao responder: “Catherine”. “Que nome adorável. Esse é o nome da minha mãe… Quantos anos você tem? Setenta anos ?”, então pergunta o presidente.
Um garotinho próximo responde por ela, declarando que ela tem 6 anos. Falsamente surpreso, Biden continua: “Seis anos?”, antes de direcionar sua atenção para o menino, provocando-o perguntando se ele mesmo tinha 15 anos, ao que a criança declara ter “quatro”. “Quatro anos? Você é um cara bem grande. Bem, vou te dizer uma coisa, seja legal com sua irmã. Você vai precisar dela um dia.”
A última confusão foi durante um comício político, em 4 de fevereiro, em Las Vegas. Joe Biden confundiu Emmanuel Macron e François Mitterrand: “Sabe, logo após a minha eleição, fui ao que chamamos de reunião do G7, ou seja, de todos os líderes da Otan”, explicou ele, “eu estava no Sul da Inglaterra. Recostei-me e disse: a América está de volta! E Mitterrand, da Alemanha – quero dizer, da França, olhou para mim e perguntou: em quanto tempo você volta?”.
François Mitterrand morreu em 1996
Poucos dias depois, durante um evento de campanha, o presidente americano mencionou outra conversa que teria tido em 2021 com o ex-chanceler alemão Helmut Kohl, falecido em 2017.
Fonte: O Antagonista