Um confronto direto entre os EUA com a China ou com a Rússia, esses seriam os gatilhos que muitos esperam para o estopim de uma terceira guerra mundial, mas o que poucos sabem é que as condições para um conflito global já estão sobre a mesa. Segundo especialistas, não é necessário enfrentamento bélico ou nuclear entre essas grandes potências para que o mundo enfrente pela terceira guerra mundial.
Tendo em vista que o mundo já vive guerras setorizadas como o conflito na Ucrânia, as insurreições na África, o conflito entre Israel e o Hamas em Gaza e as atividades militares no Mar Vermelho, no Golfo Pérsico e no Oceano Índico. “Na década de 1930, houve guerras separadas que se fundiram no que hoje chamamos de Segunda Guerra Mundial”, disse Gordon Chang, pesquisador sênior do Instituto Gatestone e autor de “A China está indo para a guerra”, para o Business Insider.
De acordo com este, a mesma dinâmica existe hoje. “É inteiramente possível, e algumas pessoas podem até argumentar que é provável que estas (guerras) se fundam em um conflito global”, afirmou. Um levantamento da Associação Americana de Psicologia mostrou que logo após a Rússia ter invadido a Ucrânia no ano passado, sete em cada 10 norte-americanos temiam “que estivéssemos na fase inicial da terceira guerra mundial” — um sentimento que os aliados do presidente russo, Vladimir Putin, têm encorajado desde então.
Trump e Putin não estão sozinhos ao lidar com a questão sobre a terceira guerra mundial e o argumento também não se limita aos republicanos. Várias figuras da esquerda levantaram receios de um conflito global nas críticas ao bombardeio de Gaza por Israel.
O próprio Joe Biden tem o hábito de fazer referência ao espectro de outra guerra mundial. Pouco depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia no ano passado, o presidente dos EUA teria dito aos assessores: “Estamos tentando evitar a terceira guerra mundial”, segundo reportagem do jornal The New York Times.
Essa é uma mensagem que ele e os seus assessores têm reiterado publicamente desde então, embora com menos frequência nos últimos meses do que os seus rivais. Em que pese o desacordo sobre o que constitui uma guerra mundial, o conflito geralmente envolve dois grandes blocos de poder de países que lutam pelo domínio, com numerosas nações de cada lado pegando em armas umas contra as outras.
Em setembro de 1939, a revista Time pode ter sido a primeira a “apelidar” o conflito que começou naquele mês de “segunda guerra mundial”. Em 2015, P.W. Singer e August Cole, dois escritores com experiência em segurança nacional, especularam em um ensaio sobre como poderia ser uma terceira guerra mundial.
Eles observaram que a apropriação de territórios pela Rússia na Ucrânia e as crescentes tensões com a China poderiam levar a outra batalha global — disputada até mesmo no campo cibernético. “A guerra entre Rússia e Ucrânia, que eclodiu em 2022, fez ressurgir o temor de uma Terceira Guerra Mundial. Uma nova guerra em escala mundial aconteceria mediante o uso de armas nucleares, conforme alguns analistas preveem.
Estariam envolvidos países como Rússia, Ucrânia, Estados Unidos e outros membros da Otan, além de nações integrantes da União Europeia. O envolvimento de países asiáticos, como a China, é incerto. Existem 13.080 armas nucleares no mundo hoje, das quais 90% pertencem a apenas dois países, que são a Rússia e os Estados Unidos. No caso do uso de armamentos nucleares, as consequências de uma Terceira Guerra Mundial seriam catastróficas para a humanidade, dado o potencial destrutivo desses dispositivos.”
“Antes de pensarmos em possíveis acontecimentos em um contexto de Terceira Guerra Mundial, é importante pontuar que algumas análises consideram que a Guerra Fria desempenhou o papel de uma terceira guerra envolvendo diversas nações. Os conflitos, no entanto, se restringiram mais ao campo ideológico, afetando de maneira contundente a diplomacia internacional, em vez de envolver disputas bélicas propriamente ditas.
Os conflitos que hoje se desenvolvem em escala local, mais especificamente na Ucrânia e em áreas de fronteira com o território russo, podem ganhar tração e escalar rapidamente, passando a incluir assim outros países europeus e dos demais continentes. O ataque a nações desencadearia a reação de países aliados, o que faria com que os confrontos atingissem o status de uma nova guerra mundial.”
“Recentemente, foram feitas diversas menções e ameaças com relação ao uso de armas nucleares por parte da Rússia, deixando nações como os Estados Unidos em seu alerta máximo. Assim, os países têm levado essas ameaças a sério, e não tomando-as apenas como blefe do presidente russo. Nota-se, além disso, os contínuos testes de mísseis que vêm sendo realizados pela Coreia do Norte.
Embora especialistas acreditem que os armamentos que possam ser utilizados inicialmente sejam aqueles de baixa potência e ação localizada (as chamadas armas táticas), nada garante que recursos mais potentes e com maior capacidade destrutiva sejam empregados. Assim, uma Terceira Guerra Mundial seria caracterizada pela ampla utilização de armamentos nucleares, como mísseis balísticos, com grande potencial destrutivo.”
“Levando em consideração o atual cenário da geopolítica internacional, a Rússia e a Ucrânia seriam os dois países que certamente estariam envolvidos na Terceira Guerra Mundial, como resultado de conflitos locais que surgiram ainda em 2014, com a anexação da Crimeia, e escalaram atualmente para a guerra entre essas duas nações.
Apesar de a Ucrânia não fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), os membros dessa organização, como Estados Unidos, Reino Unido, Polônia, França, e também da União Europeia e outros países europeus, como Belarus, poderiam entrar no conflito como forma de defesa ou ainda para tentar conter a escalada das ações.
Ainda pesa o apoio chinês dado aos russos, bem como tensões diplomáticas que surgiram entre a China e os Estados Unidos em função de uma visita recente de uma política norte-americana a Taiwan, o que poderia fazer com que o país asiático se envolvesse em um potencial conflito no caso de violação de sua soberania nacional. Levando em consideração a forma como a China tem atuado na geopolítica internacional desde a sua abertura econômica, entretanto, a participação em confrontos de escala mundial não parece provável.
Além de Rússia e Estados Unidos, a deflagração de uma guerra com o uso de armas nucleares poderia resultar no envolvimento de outras nações que ainda mantêm esse tipo de recurso bélico em seu território.