Portugal: Direita tradicional vence as eleições

O líder do partido de direita português Chega, André Ventura, celebra em Lisboa após o resultado das eleições, onde a sigla terminou em terceiro lugar em 10 de março de 2024. A Aliança Democrática (AD), de centro-direita, foi a mais votada nas eleições de domingo, mas não angariou o número mínimo de assentos no Parlamento necessários para formar um governo. Em Portugal, os eleitores votam em um partido, e o número de votos é transformado em cadeiras no Legislativo. No entanto, para eleger seu primeiro-ministro, uma sigla deve obter metade dos 230 assentos no Parlamento. A AD só conquistou 79 cadeiras.

As eleições legislativas em Portugal apresentaram um cenário de equilíbrio na cena política do país, com as duas forças políticas mais tradicionais, a Aliança Democrática (AD), principal setor de direita, e o Partido Socialista, ícone da esquerda local, disputando voto a voto a maioria dos votos e das vagas na Assembleia da República. Após 99% das urnas apuradas, a frente conservadora reuniu 29,5% dos votos. Com isso, já elegeu 77 deputados e projeta superar a marca dos 80 parlamentares eleitos para a próxima legislatura.

Com essa votação, o setor espera fazer com que o novo primeiro-ministro seja Luís Montenegro, líder da AD e do Partido Social Democrata (PSD) – a frente também é composta pelo Centro Democrático Social (CDS) e pelo Partido Popular Monárquico (PPM). Ainda assim, o partido perde a hegemonia que manteve durante os oito anos de mandato de António Costa – interrompidos em novembro de 2023, quando este renunciou ao cargo em meio a denúncias de suposta corrupção em licitações, caso que ainda está sendo investigado.

Apesar de faltar apenas 1% dos votos a serem apurados, o quadro não está decidido. Tamanho equilíbrio faz com que ainda seja possível até mesmo um cenário pitoresco, com um dos partidos obtendo a maioria dos votos e outro ficando com a maioria das vagas na Assembleia. Seja como for, a composição de governo a partir desse resultado vai requerer negociações entre os partidos representados no parlamento.

Conformação de governo
A terceira maior votação da jornada foi a do partido de extrema direita Chega, que alcançou 18,1% dos votos e elegeu 46 parlamentares, além de manter a expectativa de chegar se aproximar dos 50 até o final da apuração. O partido obteve o melhor resultado eleitoral de sua história, reunindo mais de 1 milhão de votos.

Esse resultado coloca a legenda em posição de negociar com a AD, já que a direita tradicional precisará desses votos para alcançar o quórum mínimo de 116, necessário para formar maioria e consolidar a investidura de Montenegro como novo primeiro-ministro. Por essa razão, o líder do Chega, André Ventura, publicou uma mensagem em suas redes sociais, ainda durante a apuração, dizendo que “a AD pediu uma maioria, os portugueses disseram-lhe que essa maioria é da AD e do Chega. Seria irresponsabilidade não haver uma união”.

Ainda assim, a conformação dessa maioria dependerá de uma série de negociações que terão início nesta segunda-feira (11/03). Nesse processo, vários acordos podem ser discutidos, inclusive uma inédita coligação entre a AD e o PS. Os dois setores mantêm uma tradicional rivalidade desde os Anos 90, similar ao que se via no Brasil entre o PT (historicamente alinhado com o PS) e o PSDB (alinhado com o PSDB). Porém, a recente aliança entre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o seu vice Geraldo Alckmin, nascida para impedir a reeleição de Jair Bolsonaro, pode ser um indicativo de que uma novidade pode acontecer também em Portugal.

Líder de direita em Portugal promete impedir entrada de Lula no país
A fala aconteceu enquanto o candidato do Chega, André Ventura, discursava para seus apoiadores. O Chega é um partido de direita que tem crescido no país. Ventura afirmou: “Se o Chega vencer as eleições legislativas no próximo domingo, em 25 de abril de 2024, eu quero dizer uma coisa: o senhor presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, não vai entrar em Portugal”, disse André Ventura, candidato do Chega, nesta quinta-feira, 07 de março. Ele completou ironizando o presidente brasileiro: “Se insistir, vai para uma cadeia, mas ele sabe o que é isso, então não será uma grande novidade para ele”. André Ventura, o aliado de Bolsonaro que poderá consolidar a direita em Portugal.

Portugal reforça expansão da direita na paisagem da UE
Em apenas cinco anos, a direita em Portugal passou de um único deputado para se tornar a terceira força política no Parlamento, nas legislativas de domingo. Essa expansão deverá repetir-se nas eleições europeias, elegendo, pela primeira vez, eurodeputados de direita.

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