Uma das coisas mais difíceis de se fazer atualmente é desacelerar o cérebro e procurar algo a fazer sem preocupação e sem estímulos audiovisuais. Certa vez, no ápice do meu trabalho, com mil preocupações na cabeça, compromissos desenfreados, hiperatividade fora de controle, minha preocupação era “nas férias vou fazer o que? ”. No decorrer desses anos, foram difíceis desacelerar o cérebro neste período. Ficava 10 dias em casa e já queria voltar a trabalhar.
Felizmente pessoas maravilhosas aparecem na tua vida e te dão lições para sempre. Uma amiga chamada Claudia me disse certa vez, “aprenda a fazer nada”. Eu, na época não entendia o que era fazer nada e me desafiei. No próximo ano, treinei rigorosamente a fazer nada. Foram períodos difíceis para um cérebro hiperativo. Mas aos poucos fui exercitando o tal de fazer nada.
Cada um encontra em si mesmo o que é fazer nada. Para mim, o fato de ficar na frente da TV e não prestar a atenção em nada, me faz exercitar essa prática. Ou até mesmo sentar em qualquer lugar e ficar olhando o nada é fazer nada. Complicado? As pessoas deveriam utilizar desta prática para encontrar seu eu interior. Por experiência própria, os anos se passaram e lembro da Claudia todos os dias. Praticando a fazer nada.
Uns podem fazer meditação, outros, andar sem rumo, não importa, o principal é desacelerar o cérebro de alguma forma. Eu, jamais imaginaria que conseguisse, porém, a prática leva a perfeição. No mundo audiovisual que vivemos, tirar o azul das telas por pelo menos 1 hora do dia ajudaria muito. Prática que digo que não é fácil, mas aos poucos, todos conseguem.
Outra coisa que chamo a atenção, principalmente para os pais de primeira viagem é tirar um tempo do dia para dar atenção aos filhos. Perguntar como foi seu dia, jogar bola ou qualquer outra brincadeira que lhes dê prazer, olhar seu filho nos olhos e lhe dar amor. Percebo como educadora que, os pais estão se distanciando cada vez mais dos filhos, pela vida conturbada, preocupação com as finanças, ou até mesmo falta de experiência. Mas não nos tira a responsabilidade de sermos pais.
É muito mais fácil chegar em casa, depois de um dia de trabalho dos pais e creche dos filhos, dar o celular para eles para não incomodarem e podermos fazer as coisas de casa. Mas sugiro, compartilhar com os filhos as tarefas de casa, cozinhar juntos, dobrar as roupas, guardar os brinquedos e sapatos e assim por diante.
No universo das pessoas com deficiência (PCD), são tantos os diagnósticos que nem nós profissionais da educação conseguimos acompanhar. Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Ansiedade (TA), Transtorno Opositor desafiador (TOD), Transtorno de Humor (TH), Transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e tantos outros tornam-se mais fácil ir em um especialista e pegar um laudo.
Na verdade, se pararmos para pensarmos, todos nós temos alguma coisa, porém não nos torna menos incapazes de cumprirmos nossa missão diária, de sobreviver a cada dia. Nos centros educacionais mundo afora, os “laudos” estigmatizam crianças e estudantes nas escolas. Não torna menos importante a criação dos pais e os compromissos educacionais dos professore e equipe escolar neste processo.
Todos somos iguais perante a lei. Trate seus filhos iguais a todos, crie regras e responsabilidades como todos. Estabeleça limites e tarefas iguais a todos. Aprenda a fazer nada com eles também. O fato de aprender a fazer nada não nos faz ficar preguiçosos e sim utilizar-se desta prática como forma de meditação a fim de desacelerar nosso cérebro conturbado.
Por fim, quando aprendi a fazer nada, algumas práticas ficaram suaves. As férias se tornaram prazerosas, os feriados mais brandos, os finais de semana muito mais agradáveis, principalmente ao lado de quem amo. Exercite a prática de fazer nada.