Se a população de Laguna ainda nutria alguma esperança em relação à seriedade do seu Legislativo, na noite desta segunda-feira (17) tratou de sepultar de vez essa expectativa. Em uma manobra que fere de morte a moralidade e o decoro parlamentar, a Câmara de Vereadores de Laguna rejeitou a denúncia contra o presidente interino Cleosmar Fernandes (MDB), acusado de impedir a eleição legítima da nova Mesa Diretora.

O caso é grave e recheado de absurdos. O presidente interino, mesmo impedido de votar, interferiu diretamente no processo, nomeando de maneira pessoal e unilateral o presidente da ad hoc – comissão responsável por analisar a denúncia – e, não satisfeito, convocou um aliado suplente para garantir mais um voto em sua defesa.

A reviravolta 
A cereja do bolo da noite foi a virada de posição do vereador Jaleel Farias (PSD), que até pouco tempo atrás foi decisiva para condenar a eleição da Mesa Diretora realizada em 1º de janeiro. Agora, o mesmo vereador mudou de lado, foi contra a denúncia e ajudou a blindar Cleosmar Fernandes. Uma mudança abrupta e no mínimo suspeita, que expõe a fragilidade ética de quem deveria zelar pela ordem institucional.

Em plenário, assistimos a um festival de autoproteção e manobras orquestradas nos bastidores, com a clara missão de manter Cleosmar no comando da Casa – mesmo sob questionamentos legais e políticos.

Charge: Portal Sulsc/Ed Carlos

Os blindadores de Cleosmar
Os 7 votos que sepultaram a denúncia vinda dos vereadores:

Edi Goulart (MDB)
Anderson Silveira (Podemos)
Jaleel Farias (PSD) – a virada que envergonha
Valdomiro Barbosa (MDB)
Eduardo Carneiro (Podemos)
Everaldo dos Santos (MDB) – suplente convocado sob encomenda
Rhoomening Rodrigues (MDB) – o voto decisivo “Minerva”

Votantes por uma Câmara com Transparência  
Gabriel Martins (PL), Fernando Mendonça (PP), Vitor Elíbio (MDB), Luiz Otávio Pereira (PL), Hirã Ramos (PL) e Tanara Cidade (PT) – os poucos que ainda compensam a defesa do interesse público.

A denúncia segue para o Ministério Público
A Câmara decidiu arquivar, mas o advogado Roberto de Bem Ramos, autor da denúncia, já informou que transferiu o caso para o Ministério Público. Agora, caberá ao MP analisar as ações do presidente interino e as graves irregularidades que rondaram este processo.

Um Legislativo contra o povo
A situação é clara: a Câmara de Laguna virou as costas para a população e abraçou um modelo de poder que prioriza a cobertura de seus próprios membros em detrimento da transparência. A Casa que deveria zelar pela legalidade transformou-se em um bunker de conchavos e favorecimentos escancarados.

Cleosmar Fernandes agiu como um presidente que manipula as engrenagens da própria denúncia contra si, algo que em qualquer cenário minimamente sério, sério alvo de uma investigação interna e de sanções imediatas. Mas em Laguna, virou apenas mais um capítulo da novela da blindagem política.

Enquanto isso, nas ruas de Laguna…
A cidade, perplexa, acompanha mais uma demonstração pública de como a ética é atropelada em nome do poder. O cidadão comum, que luta diariamente por serviços básicos e dignidade, vê uma Câmara ocupada em proteger o próprio umbigo, ao invés de servir como verdadeira guardiã da democracia e da moralidade.

O recado que fica é: em Laguna, a regra não escrita parece ser proteger aliados, ignorar denúncias e sufocar a transparência.

Câmara de Laguna: a casa onde o povo bate e não entra
Enquanto a sociedade clama por justiça, o Legislativo aperta o cadeado da autoproteção.

O que aconteceu nesta sessão vai além de uma derrota regimental. É uma frente direta ao eleitor lagunense, que agora precisa reagir e cobrar nas ruas, nas redes sociais e onde mais for possível. Porque quando o Legislativo transforma a autoproteção em norma, uma cidade inteira perde.

Afinal, quantos absurdos mais Laguna precisará engolir até que o povo ocupe o espaço que foi tomado?

Confira na integra a denúncia abaixo: