MANDALAI, MIANMAR – A terra tremeu e, em questão de segundos, a tragédia se impôs com força impiedosa. Um terremoto de magnitude 7,7 atingiu o coração do sudeste asiático nesta sexta-feira (28), deixando um rastro de destruição em Mianmar, Tailândia e China.
O epicentro foi registrado a apenas 16 km da cidade de Mandalai, na região central de Mianmar. Mas não foi apenas a força do tremor que chocou , de apenas 10 km, fez com que os efeitos fossem sentidos com violência avassaladora. Prédios balançaram. Pontes ruíram.
Fotos: Extraglobo/BBCNews/PortalSanta
Na Tailândia, em Bangkok, um arranha-céu em construção desabou como um castelo de cartas. Segundo o ministro da Defesa tailandês, 43 pessoas estão soterradas. As imagens, que correm o mundo, mostram o momento em que equipes de resgate — exaustas e cobertas de poeira — carregam corpos e sobreviventes, enquanto moradores choram, clamando por notícias de seus entes queridos.
Em outro ponto da capital, uma cena surreal: a água de uma piscina no topo de um prédio transbordou com tanta força que caiu como uma cachoeira pelas janelas, em uma demonstração aterradora da força da natureza.
Em Mianmar, governado por uma junta militar, o drama é ainda mais sombrio. Com controle absoluto sobre a mídia e severas restrições de internet, pouco se sabe sobre a real dimensão da tragédia. Duas pontes colapsaram. Pelo menos cinco cidades foram severamente atingidas.
Um vídeo que conseguiu escapar da censura mostra um mosteiro budista reduzido a ruínas em Naypyitaw, capital do país. Monges caminham em choque entre os entulhos, alguns carregando estátuas sagradas danificadas, outros tentando escavar com as mãos em busca de sobreviventes.
China também sente os tremores
Na província de Yunnan, no sul da China, o tremor causou pânico. Milhares de pessoas deixaram suas casas às pressas, com medo de desabamentos. O governo chinês mobilizou imediatamente equipes de resgate e ajuda humanitária para a fronteira com Mianmar.
O mundo em alerta — e de luto
As primeiras estimativas apontam três mortos confirmados, dezenas de desaparecidos e milhares de desabrigados. Mas há um consenso silencioso entre autoridades e socorristas: esse número vai subir. E com ele, a dor de famílias que perderam tudo.
“É como se o chão tivesse nos traído”, disse, entre lágrimas, uma mulher em Bangkok, cuja filha está entre os desaparecidos. Ela segurava um sapato infantil resgatado dos destroços. “Esse terremoto levou mais do que paredes. Levou parte da nossa alma.”
Enquanto o mundo acompanha com apreensão, uma coisa é certa: esta sexta-feira jamais será esquecida. O tremor pode ter durado segundos, mas o impacto emocional e humano vai reverberar por anos.