Racionalizado por Sabrina Zapelini Minatto – O Centro não dá voto? Então não merece cuidado?

O bairro mais antigo da cidade não pede privilégio: pede respeito, segurança e gestão responsável.

O desprezo pelo Bairro Centro não começou hoje, e a desculpa de que “não dá voto” só agrava o problema.

O Bairro Centro, que deveria ser a vitrine de Criciúma, vem acumulando sinais claros de abandono. E isso não é de agora. Quem vive, trabalha ou circula aqui percebe diariamente o descaso: calçadas quebradas, iluminação falha, trânsito desorganizado, falta de fiscalização e uma deterioração que avança ano após ano.

Esse abandono não começou hoje. O Centro vem sendo desprezado desde a década de 90. O cidadão do Centro está sendo tratado como coadjuvante na própria cidade.

E há algo que não pode ser ignorado: o Centro é onde Criciúma começou. É o bairro mais antigo, com 145 anos de história. Foi aqui que a cidade nasceu e cresceu. É o ponto de encontro, passagem, referência e circulação regional. Ou seja, negligenciar o Centro é negligenciar a própria identidade da cidade e o fluxo diário de quem depende dele.

E existe algo ainda mais grave circulando: a ideia de que o Centro estaria abandonado porque “não elegemos ninguém”, porque “não dá voto”. Quando ouvi isso pela primeira vez, custei a acreditar. Se essa realmente for a lógica, então estamos diante de um problema muito maior do que buracos e estrutura. Estamos falando de falta de compromisso público.

E aí surge a pergunta que ninguém responde:

Se o Centro “não dá voto”, por que usam o Centro quando precisam?
Usam para eventos, para fotos oficiais, para inaugurações, para propaganda de cidade organizada. Na hora de aparecer bem na foto, o Centro serve. Na hora de cuidar das ruas, da manutenção básica, da segurança e do trânsito, o bairro parece não ter importância.

Fotos: Coluna Racionalizando/Divulgação/SulSC

E há um ponto crucial que não pode ser ignorado: a insegurança ao anoitecer. Depois das 18h, o Centro muda completamente. Comércios fecham mais cedo, trabalhadores evitam caminhar sozinhos, estudantes têm receio de circular, e quem mora aqui sabe que o bairro perde vida e ganha risco. O que deveria ser um espaço vivo, iluminado e movimentado se transforma em um cenário vazio e inseguro.

E há outro ponto que precisa ser dito com todas as letras: o voto do Bairro Centro é voto de opinião. Não é voto comprado, não é voto pressionado, não é voto de troca. É voto consciente, crítico, informado. É justamente por isso que incomoda. É muito mais fácil ignorar um bairro que pensa, questiona, analisa e cobra. Mas é exatamente esse tipo de eleitor que fortalece a democracia e eleva o nível da política.

O Centro sempre teve papel estratégico para a cidade. É aqui que a vida econômica acontece, onde trabalhadores, comerciantes, estudantes e turistas circulam todos os dias. É uma região que sustenta o ritmo de Criciúma e que, justamente por isso, deveria ser prioridade, e não um cenário relegado ao descaso político.

E para piorar, decisões recentes mostram que a segurança e o cuidado com o patrimônio público parecem estar longe da lista de prioridades. Um exemplo claro disso foi o veto do prefeito Vagner Espindola ao projeto de lei que previa multas para pichadores. Em vez de fortalecer a fiscalização e proteger o espaço que representa a história da cidade, a escolha foi a de recuar.

O Centro não pede favor.
Pede respeito e responsabilidade de quem governa.

@sabrinazminatto

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